Temos o gosto de lhe apresentar um projecto muito especial, localizado em Braga e conhecido como “Chalé das Três Esquinas”, um edifício único, documentando a história e a diáspora da região onde se insere e combinando a arquitectura e o desenho urbano portugueses do século XIX com uma inesperada influência alpina, chegada a Portugal por via de uma vaga histórica de portugueses regressados do Brasil, culturalmente influenciados por centro-europeus que desenvolviam a segunda revolução industrial brasileira. Concebido como um anexo ao pequeno palácio a que encosta, e situado no coração das muralhas romanas e medievais de Braga, este é um edifício particularmente ensolarado, com duas frentes, uma voltada para a rua a Oeste e outra voltada para um agradável e valorizado pátio de interior de quarteirão a Este, desfrutando de luz natural ao longo de todo o dia. O objectivo do projecto foi clarificar os espaços e funções do edifício recuperando a imagem, as técnicas construtivas e o programa (essencialmente habitacional) originais e, simultaneamente, adequando-o às formas de viver contemporâneas, devolvendo-o à cidade e, potencialmente, alicerçando um modelo para intervenções de reabilitação futuras no bairro da Sé.
Na imagem ao lado é possível observar este admirável detalhe arquitectónico onde se enfatiza cor, forma, e materiais num só detalhe.
O quarto de vestir é o elemento mais surpreendente de todo o projecto, encontrando-se no topo do edifício. Tanto o piso como o sistema construtivo da cobertura apresentam-se na sua cor natural e as portas dos armários que constituem todo o seu perímetro são construídas no mesmo material. A imagem que ressalta deste quarto de vestir é a de uma bonita e delicada caixa de madeira, que se vai articulando com os outros espaços brancos e luminosos da casa.
Na casa de banho optou-se pelo revestimento quase integral das paredes com mármore proveniente de Estremoz, colocado e articulado de uma forma minimal e subtil com o mobiliário subjacente, chão e claraboia. O resultado é a ideia de uma espaço maior do que realmente é.
Do exterior, o transeunte reterá a ideia de um projecto de reabilitação bastante subtil, colorido e que soube aliar na perfeição os elementos tradicionais da arquitectura minhota com elementos contemporâneos e de vanguarda.